Projeto de lei quer autorizar venda de 1/4 do Brasil para estrangeiros

O PL, já aprovado no Senado em dezembro de 2020, regulamenta a aquisição e posse de propriedade rural por parte de investidores estrangeiros sem que haja necessidade de autorização ou licença. Ou seja, estrangeiros poderão comprar terras no Brasil, sem autorização prévia, se o projeto for aprovado e sancionado.
Antes da votação no Senado, o projeto atraiu críticas de partidos da esquerda e de ambientalistas. Na época, no entanto, o projeto era defendido por algumas entidades do setor agropecuário. Agora, no entanto, outros representantes do Agro e partidos da direita também se colocaram contra o projeto.
Entre as críticas à lei estão acusações de ameaça à soberania nacional, por ceder fatias do território para compradores estrangeiros, prejudicando produtores brasileiros, que não se beneficiariam da produção das commodities em solo nacional. A Associação dos Produtores de Soja e Milho(APROSOJA) é uma das entidades que levanta esse tipo de crítica.
O senador Irajá, autor da lei, defende a mudança. Ele diz que a expectativa é atrair R$ 50 bilhões por ano em novos investimentos, considerando toda a cadeia produtiva do agronegócio. "Além disso, bancos e instituições financeiras internacionais poderão realizar financiamentos a juros baixos e prazos compatíveis, pois a terra poderá ser oferecida em garantia, como contrapartida, reduzindo o risco nas operações", segundo o senador.
A compra facilitada das terras, segundo o projeto, teria um limite de 15 módulos fiscais(um valor em hectares, que varia a cada município). Além disso, fica limitado a 25% o total máximo do território de cada município que pode ser comprado por estrangeiros. Este número, no entanto, cai para 10% se a compra for feita por sociedades de empresas de um mesmo país.
Portanto, apesar do projeto de fato flexibilizar a compra de territórios para compradores e sociedades empresárias estrangeiras, é enganosa a manchete que afirma que “autoriza a venda de 25% do território nacional”, pois essa lei trata do “imóvel rural”, e não de todo o território, que inclui áreas urbanas, públicas outras já adquiridas .
Entre as regras estabelecidas no projeto, os compradores seriam obrigados a lavrar escritura pública. Em áreas da Amazônia, a compra deverá ser analisada por conselhos jurídicos e respeitar a reserva ambiental do terreno em 80%.
Algumas das postagens sobre o assunto tem tom de alerta, afirmando que o projeto deve ser votado "amanhã". Mas o projeto não está na pauta de votação da Câmara dos Deputados desta semana e não há ainda previsão de data para votação da matéria.
Apesar da pressão de alguns parlamentares ruralistas e do agronegócio que apoiam a mudança, o projeto dificilmente se tornará lei, mesmo que seja aprovado pelos deputados. O presidente Jair Bolsonaro(sem partido) já se pronunciou no final de 2020, indicando que é contrário ao PL e pode vetá-lo, dizendo que “já se decidiu” caso tenha que analisar a matéria. (R7 Notícias)