Produtores de cana ameaçam invadir fazenda de usineiro

Cansados de promessas não cumpridas, os fornecedores de cana da Usina de Açúcar e Álcool Casquel de Cambará tornaram a protestar contra a falta de pagamento pelo fornecimento de mais de três anos de matéria prima à usina. Eles se reuniram na tarde de ontem, em frente à porteira da Fazenda Santa Hercília, de propriedade da família Casquel, com a finalidade de mostrar aos proprietários o que pode acontecer caso o acordo de pagamento para o próximo dia 10 não seja honrado.
Somente para fornecedores, a Casquel deve aproximadamente R$ 6 milhões.
Uma viatura da policia militar com quatro policiais chegou ao local e os agricultores ficaram indignados. “Vocês deveriam ir prender os proprietários da Usina e não vir atrás de gente honesta e trabalhadora, que só quer receber o que tem de direto”, desabafaram.
O produtor Vanderlei Zanardo disse aos policiais que o grupo queria que o dono da Usina, Adalgiso Casquel comparecesse ao protesto e se explicasse. “Queremos falar com ele. Nosso movimento de hoje é pacífico, mas a partir do dia 10, se o pagamento das dívidas não for feito, não posso responder pelos atos das pessoas aqui presentes. Somos trabalhadores e precisamos desse dinheiro para comer”, avisou.
Os produtores também contaram aos policiais que na semana anterior, um deles morreu após um protesto feito na frente da casa da família Casquel. “Milton Medeiros precisava receber da Casquel para quitar suas dívidas com os financiamentos que havia feito para plantar a cana. A usina não o pagava há três anos e ele não agüentava mais os cobradores na porta de sua casa. Ele morreu de nervoso e de desgosto”, contaram.
O produtor morto, Milton Medeiros era cunhado de Vanderlei Zanardo. “Eu precisei pagar todas as despesas dele do hospital e do sepultamento, porque a família não tinha dinheiro nem para isso. Não queremos terminar como ele”, disse Zanardo.
O agricultor Maurício Menocci, de 78 anos estava irritado. Ele possui 62 alqueires de terra e há quatro não recebe pelo fornecimento de cana à usina. “Sou a favor de invadir a usina, tomar posse de tudo, moer as canas e pagar todo mundo, inclusive os bóias frias, que estão passando fome por falta de pagamento dos salários. Nosso prazo de espera acaba no dia 10. Depois disso, estamos dispostos a tudo”, disse.
Menocci tem R$ 80 mil para receber. “Posso perdoar dívidas de quem não tem dinheiro para pagar. Mas jamais de quem usa de má fé, como a família Casquel. Eles são ricos, tem gado de raça”, afirmou.
Banco
A maior parte dos agricultores está entrando em desespero com a situação porque as instituições bancárias as quais devem já avisaram que não vão mais prorrogar o prazo de pagamento dos financiamentos feitos. “No dia 15 vence a maior parte dos financiamentos feitos pelos produtores. Se a Casquel não nos pagar no dia 10, perderemos tudo o que construímos a vida toda e não teremos como sustentar mais as nossas famílias”, explicou Zanardo, que até o dia 15, tem que pagar ao Banco do Brasil R$ 180 mil. “Essa dívida sem sendo prorrogada há três anos. Agora ela vai explodir”, lamentou salientando: não somos fazendeiros, somos apenas pequenos produtores de cana que confiaram na Casquel e, que agora, não tem de onde tirar dinheiro para sobreviver”, concluiu.
Foto: Antônio de Picolli
Fonte - Tribuna do Vale
Farmácia Cornélio, Central e Iguatemi