Uma investigação iniciada em agosto de 2020 culminou na manhã de quarta-feira (14) na Operação Força e Honra, com a prisão preventiva de 12 policiais rodoviários estaduais e um empresário e vereador da região de Campo Mourão, no Noroeste do Paraná.

Entre os crimes, eles são suspeitos de permitir a passagem de veículos transportando mercadorias de origem estrangeira sem o devido pagamento de tributos (descaminho) e, em outros casos, facilitação do tráfico de drogas.

A operação foi deflagrada após dois anos de investigações feitas pela Corregedoria da Polícia Militar em conjunto com o núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (GEPATRIA) e o núcleo do Gaeco em Cascavel.

Durante o levantamento, as equipes encontraram evidências de que havia participação dos presos em esquemas de propina nas rodovias estaduais do Paraná. Segundo o coronel Rui Barroso, sub-comandante geral da PM, havia um sistema de favorecimento de descaminho, recebimento e pagamento de propinas, para facilitar ou omitir ações de fiscalização.

“É um esquema que vinha funcionando basicamente voltado para a omissão da passagem de produtos oriundos do Paraguai”, disse.

Dentro do contexto das investigações, a polícia verificou um outro viés, relacionado a boletins de ocorrência que diziam respeito à apreensão de materiais para encaminhamento. “Eles eram confeccionados de maneira genérica, de modo que as mercadorias, produto de apreensão, nem sempre tinham como destino final a autoridade competente”, explica o coronel.

Segundo ele, parte das mercadorias era desviada e armazenada. “De forma ilícita, até comercializada entre outros empresários ou com empresários do ramo de venda de eletrônicos e de produtos importados.”

Havia também favorecimento de alguns policiais para que trabalhassem em determinados locais. O favorecimento para a prática desse tipo de ilícito seria maior onde era encontrado um campo mais fértil, diz Barroso.

Foram cumpridos 15 mandados de prisão (destes, 14 policiais rodoviários estaduais), 27 medidas cautelares de suspensão do exercício da função e 54 mandados de busca e apreensão em 16 municípios da região Noroeste. Eles foram expedidos pelo Juízo da Vara da Auditoria da Justiça Militar e pelo Juízo da 2ª Vara Judicial de Cruzeiro do Oeste.

Além do crime de descaminho, os envolvidos são suspeitos de crimes de concussão, corrupção passiva, peculato, prevaricação, falsidade ideológica, lavagem de ativos e eventual receptação realizados por organização criminosa. Um levantamento preliminar demonstra incompatibilidade do patrimônio dos policiais, que chega a R$ 6 milhões, com seus rendimentos lícitos.

Os mandados de busca e apreensão envolvem residências de 36 militares, quatro estabelecimentos de policiamento rodoviário estadual (uma Companhia em Maringá e os Postos Rodoviários de Iporã, Cruzeiro do Oeste e Cianorte), seis residências de empresários e oito empresas. Todos nos municípios de Maringá, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Goioerê, Campo Mourão, Paranavaí, Maria Helena, Doutor Camargo, Mandaguari, Tamboara, Nova Esperança, Uniflor, Jussara, Mandaguaçu, Marialva, Guaíra, Cianorte e Iporã.

Foram recolhidos distintivos, armas, coletes balísticos, cédulas funcionais, documentos diversos, equipamentos eletrônicos, aparelhos celulares, valores em espécie e veículos. (Banda B)